CAMINHOS DE PAPEL

sexta-feira, junho 03, 2005

DIA DE MARMELADA

É curioso como algumas expressões não se perdem com o tempo. Elas vêm e vão, muitas têm origem desconhecida e algumas se perpetuam no imaginário popular.
Todo aquele que pelo menos uma vez na vida foi a um circo, já ouviu o bordão “hoje tem marmelada?”. Bastava a figura do palhaço adentrar o picadeiro e entendia-se porque aquele era o dia de marmelada, dia de palhaçada e, consta, dia de ele roubar mulher.
Eu jamais soube, efetivamente, se algum desses cômicos figurantes sumiu mesmo com a mulher do atirador de facas, do domador ou mesmo de outro palhaço, o que aí já seria uma desunião da classe.
A figura do palhaço sempre povoou a mente de crianças, não importando se foi nos bons tempos do circo de arrebalde ou nos de agora, quando o picadeiro está globalizado, afinal criança é criança em qualquer época e elas sempre riram de seu humor ingênuo, tapas de mentirinha e baldes de água derramada sobre esses nobres comediantes.
Ele sempre esteve a rir. O sorriso nos lábios prolongado com pintura, muitas vezes escondia uma dor, mas dor de palhaço sempre foi coisa exclusiva dele e de ninguém mais. Ao adentrar seu reino, tinha a missão de provocar o riso e este vinha alto e em bom tom das platéias, o que lhe tornava eventuais dores mais fáceis de suportar.
Arrelia foi um desses entes que flutuam entre o real e o imaginário. Seu boné, a grossa bengala e as estripulias com o parceiro Pimentinha marcaram minha infância quando a TV trazia para dentro de nossas casas o cirquinho domingueiro, bem sabor pipoca. Agora esse palhaço está partindo para uma nova apresentação, numa outra dimensão onde com certeza fará anjinhos e querubins rirem como toda criança gosta de rir.
O circo ainda sobrevive. A duras penas, em um ou outro lugar das periferias do Brasil, ainda podem ser vistas as lonas remendadas demarcando uma área onde a alegria impera. O mágico e a trapezista, o engolidor de espadas e a passista ainda persistem. O palhaço coroa-lhes a apresentação e seu humor contagia crianças que, sem hesitar, trocariam uma partida de vídeo game por uma tarde na arquibancada de madeira, comendo pipoca, olhando meio tímidas para a bela equilibrista e tendo a sensação de que o dia promete muita marmelada. Coisa que nós, adultos, infelizmente entendemos com outra conotação.




1 Comentários:

  • Às 9:19 AM , Blogger Aline Pereira disse...

    Como eu sou uma criança ingênua não sabia dessa coisa de roubar mulher não....
    Enfim, vc quer saber, aqui na Barra Funda tem a Academia Nacional de circo, eu até queria fazer aula... mas é caro.
    Eu amo circo. Vou sozinha até... sempre gostei.

     

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